Dizem que as crises são boas, por que elas nos movimentam, e no meio dessa tormenta, eu to meio perdida, me sentindo asfixiada, pelo medo talvez?
A questão é sair da zona de conforto, em uma semana eu vou estar longe da minha, em uma semana eu vou estar livre e, liberdade nessa vida cheia de amarras, assusta.
Nada definido aqui eu olho para fora e vejo a greve dos professores, vejo um homem que foi preso por roubar comida para o filho, caso que os próprios policiais se compadeceram e pagaram a fiança, vejo o índice de desemprego, vejo as pessoas pessimistas quanto ao futuro do nosso país, vejo a corrupção, vejo o frio rigoroso que tem feito essa semana e penso nos moradores de rua, vejo muito mais, vejo tudo que há pra ver e me sinto asfixiada, por que a minha crise pessoal me faz tropeçar nas crises ai de fora, que são muitas e eu penso "Ei ninguém tá vendo isso?".
Eu sou uma sonhadora, sonho com um país mais justo, sonho com um mundo onde as pessoas façam as coisas com amor, sonho com o pote de ouro no fim do arco-íris, sonho, sonho e sonho, e não é fácil sonhar, por que no mundo de hoje não há espaço para os sonhos, a realidade vem e bate com força na nossa cara, a gente vê a mulher sendo menosprezada, a gente vê as pessoas fingindo que o racismo não existe, a gente vê a homofobia, a gente vê animais abandonados, a gente vê professor apanhando, a gente vê morte, a gente vê intenção de redução de maioridade penal, e? A gente se acostuma. Se acostuma com a mulher sendo estuprada, com o negro sendo humilhado, com os gays sendo impedidos de amar em público, com a corrupção, com o mendigo na rua passando frio, com o cachorro com o ossinho aparecendo de tão magrinho, com o gatinho sendo chutado, com professor sendo desvalorizado. E ai, eu fico com medo, e o medo me asfixia.
Eu olho pro lado e me assusto com o silêncio das panelas para coisas assim, vamos bater panelas, vamos transformar nosso mundo. Vamos dar espaço para o sonho, a solidariedade e o amor.
